13.
Leonid Afremov
E deixo-me estar, muda no silêncio que a
casa me proporciona. Preciso dele como do pão para a boca. A minha cabeça chega
a parecer uma teia intricada, cheia de grossos e finos fios emaranhados,
pensamentos entrecruzados, para cima e para baixo, em direcções diversas que me
tiram muitas vezes a paz e outras tantas convidam a insónia a fazer-me
companhia na cama. Umas vezes, é uma teia de captura, em que as supostas “vítimas”
se colam a mim, ao meu pensamento, em que sugo e sou sugada num fino fio de
cumplicidades; outras, é uma teia de
refúgio, em que o emaranhado da minha vida forma tubos em que me escondo e
refugio; às vezes, é teia de cópula quando o quente interior busca apaziguamento e outras teia de muda, quando o
recomeço é gritante e necessário .
Maria Luís Koen