domingo, 30 de maio de 2021

Cinema

 

                                                               janusz  orzechowski


Foi ao cinema, alegre, feliz como já não acontecia desde que mudou de cidade e de vida. Parecia fantástico estar ali viva, depois de quase uma ano em que desacreditou tudo o que viveu, em que, doente, deixou de agir e pensar positivo, como hoje, como agora. Bilhetes na mão, aguarda na fila como se fosse a primeira vez num cinema, numa sala escura, cheia de olhos ou contornos escuros de cabeças. Sim, olha em redor e pensa que renasceu ou recomeçou - um novo começo, o presságio de algo, finalmente bom. Não lhe interessa o murmúrio do casal ao lado, o facto de continuar com medo. Não, ela sabe que é assim, que a vida acontece em cada instante, as coisas fluem, as pessoas ficam ou seguem o seu caminho. Aguarda, no silêncio que se faz na sala, o começo de uma história em que não tem que tomar decisões, apenas fluir na paciência ou impaciência que o filme lhe vai trazer. Está feliz.



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