(Ranaking)
Quando menos esperamos, tudo acontece.
Sim, é isso mesmo que ouves, desculpa este telefonema
sem nexo, desculpa acordar-te para dizer ninharias, mas para mim não são, são
só o pretexto para ouvir a tua voz, mesmo que zangada, irada por te acordar de
madrugada. Não consigo mais continuar neste jogo do sim e do não, ou do meio
sim e do meio não ou outro qualquer cujo nome não sei, mas assim, assim vou
continuar a ligar-te de madrugada para te ouvir zangada.
Não quero ser precipitado e não te quero assustar com
estes ímpetos noturnos, mas não posso continuar sem dormir. Ontem dormi tão
pouco, talvez duas ou três horas, não sei precisar, e nas noites anteriores
pouco mais. Por isso, não quero saber se ficas irada, porque agora tudo gira
dentro de mim, do meu pensamento e já não tenho medo de poder ficar sozinho,
ficar sem ti, vazio.
Desculpa os telefonemas, não sei se vou conseguir não ouvir a tua voz, mesmo que irada. Não destruas isto que está prestes a acontecer, não faças isso. Vou chorar-
-minto. Ainda
me resta alguma dignidade, mesmo a implorar. Já te imagino a cair comigo numa
espécie de ratoeira de angústia, individualista, onde as promessas não serão
cumpridas e, por isso, não quero ficar
calado, não posso viver, não quero ficar sem ti.
Maria Luís Koen
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