sexta-feira, 28 de maio de 2021

É fim de tarde

 


                                                                (Monika Luniak)

Sento-me na areia, com vento e sol, ao amanhecer e, por vezes, ao anoitecer.  Penso como é insuportável imaginar que posso deixar de te provar e às tuas emoções. As coisas continuam, há perdas, eu sei, mas gostava de ver tudo claramente quando olho para ti, e não consigo. Não é falta de oportunidade ou falta de luz, é o constante do dia a dia, talvez, ou o obscuro medo de te perder que me deixa , assim, inerte, esquecida de sorrir, parada, sentindo tudo e nada.

Só queria ser feliz contigo.

À mesa do café bebo o que os teus olhos dizem. Na acalmia do dia vejo, sem erro ou mania, que nada é perfeito, nem nós. És como um espelho que nos mostra o começo ou o fim. Ambos sabemos, mesmo sem palavras, no meio de um cigarro aceso lentamente, sabemos sempre, às vezes até com delicadeza, que houve um erro. O erro de chamarmos amor, ou o descuido, a pressa,  de entrar e estar dentro do que dizem ser bom. Quem errou não sei. É fim da tarde, cheira a mar e quero mesmo é ter saudade do brilho que ficou, da fome que está por vir.

        

Maria Luís Koen




Sem comentários:

Enviar um comentário