Como é possível ficarmos cegos e aceitarmos tudo o que
antes não queríamos? Dizemos que sim, sim e não resistimos. Deixamos em parte
incerta todos os nossos sonhos e projetos, sem nos apercebermos que estamos
errados, que devemos lutar, que não devemos aceitar só porque é importante para
a outra pessoa. Imersa nestes pensamentos, distraio -me com o som que vem da
janela da sala: chove. São pequenas pedras brancas minúsculas, que batem às
vezes com força nos vidros e depois desenham pequenos ribeiros de água, que
sigo com os olhos, até fazerem um pequeno lago do lado de fora. É isso. Vejo no
espelho que é o vidro da janela, um percurso frio, que nos alaga e, no final,
mais tarde, dizemos:
–
como é possível ter aceite, como é possível não ter mudado, como é possível ter
hesitado, não ter resistido?
Maria Luís Koen
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