quinta-feira, 1 de abril de 2021

 

Tom Shropshire


Como é possível ficarmos cegos e aceitarmos tudo o que antes não queríamos? Dizemos que sim, sim e não resistimos. Deixamos em parte incerta todos os nossos sonhos e projetos, sem nos apercebermos que estamos errados, que devemos lutar, que não devemos aceitar só porque é importante para a outra pessoa. Imersa nestes pensamentos, distraio -me com o som que vem da janela da sala: chove. São pequenas pedras brancas minúsculas, que batem às vezes com força nos vidros e depois desenham pequenos ribeiros de água, que sigo com os olhos, até fazerem um pequeno lago do lado de fora. É isso. Vejo no espelho que é o vidro da janela, um percurso frio, que nos alaga e, no final, mais tarde, dizemos:

– como é possível ter aceite, como é possível não ter mudado, como é possível ter hesitado, não ter resistido?


Maria Luís Koen

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