segunda-feira, 24 de junho de 2013








isabelle sauvineau





NÃO BASTA ABRIR A JANELA

Não basta abrir a janela 
Para ver os campos e o rio. 
Não é bastante não ser cego
Para ver as árvores e as flores.
É preciso também não ter filosofia nenhuma.
Com filosofia não há árvores: há ideias apenas.
Há só cada um de nós, como uma cave.
Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora;
E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse,
Que nunca é o que se vê quando se abre a janela. 


ALBERTO CAEIRO (FERNANDO PESSOA), in POEMAS INCONJUNTOS / POEMAS DE ALBERTO CAEIRO



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