segunda-feira, 6 de julho de 2020



MEMÓRIAS DA ALDEIA


 6.  A água fresca






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     Quando  era pouca a água para beber dentro dos potes, havia que ir buscar mais pois na aldeia não existia água canalizada.
     O sítio era escolhido a preceito, uma nascente, pois a água não era para lavar e sim para beber.
     Preparavam-se os potes, as rodilhas e a disposição para caminhar. Eram várias, as mulheres da aldeia, que se juntavam com o mesmo objetivo: a água. Saias rodadas por baixo do joelho, meias até ao joelho, avental , blusas floridas a tapar o decote, lenços na cabeça, cabelo grande enrolado. 
     Na ida para lá, os potes iam à cabeça, deitados; à vinda para cá, iam em pé, cheios de água. Gostava sempre de ir porque o divertimento era muito. Muitas vezes ia eu, a minha irmã, os primos ou outros miúdos. Apanhávamos flores do campo, bebíamos da natureza e era tudo puro e belo. Também levávamos um pequeno pote e uma rodilha mas o resultado não era o mesmo.
     Ficava sempre admirada porque os caminhos eram de terra batida e as mulheres nunca deixavam cair os potes. Direitas e elegantes, com os seus lenços que lhe cobriam os cabelos, que não cortavam, elas lá iam na conversa, alheias à admiração que causavam.
     Colocados novamente no local devido, eram muito usados e acarinhados, pois tinham água pura sempre fresquinha.


(fomos buscar água)



Maria Luís Koen





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