Memórias da Aldeia
9. O Monopólio
No
Verão, com os dias quentes, muitas noites se passavam na rua, os mais velhos
sentados nas cadeirinhas de palha. Havia cadeiras para todos os tamanhos. Durante o dia, a casa da tia era fresca e,
quando os primos estavam, havia jogos de monopólio. A sala, quando se entrava
pela porta da rua da casa velha, tinha uma mesa quadrada grande, onde podíamos
jogar à vontade, com muitos risos e protestos que este jogo proporcionava e ainda proporciona. Quando assim acontecia, o
jogo durava a tarde toda. Essa e outras mais, pois nunca parecíamos cansados de
o jogar. Não havendo jogo, havia o descanso da tarde, não a dormir mas a ler
muitos livros do pato Donald e do tio Patinhas, entre outros. Apesar de não
haver televisão, não me lembro de ficar aborrecida.
Havendo sede, tinhamos a água fresquinha
nos potes da cantareira; havendo fome, o pão caseiro, o
queijo fresco feito pela avó Isabel ou o outro, bem mal cheiroso, que
ela guardava dentro de uma folha de couve. Às vezes também havia almece, a que
a avó dava outro nome. Ordenhadas as cabras, o leite era utilizado para fazer o
queijo e o almece. Como não gosto de
queijo, certamente o meu lanche era outro. Já dos bolinhos
de azeite feitos pela tia Rosária, não posso dizer o mesmo. Ainda hoje,
que ela já faleceu, tenho saudade de os comer. Nunca comia só um.
Inquiridos os primos sobre os bolinhos que
eles tão bem se lembram de comer, continuo sem a receita. Procuradas outras,
parece-me sempre que não serão como os dela.
(Bolinhos de azeite)
(pão caseiro)
Maria Luís Koen
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