quinta-feira, 30 de julho de 2020



OITO

( @João Alfaro)


       A profundidade dos teus olhos cansa-me.
      Sabê-los escuros e não conseguir penetrar (te) deixa-me em raivas, surdos desejos na alma, que se torna angústia do desconhecido.
      Vejo- te passar na noite e o passeio é um eterno caminho cujo fim não descortino, cujo princípio não adivinho.
       A imagem ou mistério é a tua, mas só os olhos sobressaem, só eles têm sentido, só eles são tempestade de mim.
     Quando penso em ti, penso no formato desses brilhos da tua face. Raramente o corpo te revela, apenas quando é frenético de música ou lânguido de paixão. No entanto, sei-te o contorno dos dedos, o tamanho do pulso e a lisura das costas. Também a humidade, que é o mel da tua boca, eu vejo.
       Fecho os olhos assim, que te quero meu.


Maria Luís Koen



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