janusz orzechowski
Foi ao cinema, alegre, feliz como já
não acontecia desde que mudou de cidade e de vida. Parecia fantástico estar ali
viva, depois de quase uma ano em que desacreditou tudo o que viveu, em que, doente,
deixou de agir e pensar positivo, como hoje, como agora. Bilhetes na mão,
aguarda na fila como se fosse a primeira vez num cinema, numa sala escura,
cheia de olhos ou contornos escuros de cabeças. Sim, olha em redor e pensa que
renasceu ou recomeçou - um novo começo, o presságio de algo, finalmente bom.
Não lhe interessa o murmúrio do casal ao lado, o facto de continuar com medo. Não,
ela sabe que é assim, que a vida acontece em cada instante, as coisas fluem, as
pessoas ficam ou seguem o seu caminho. Aguarda, no silêncio que se faz na sala,
o começo de uma história em que não tem que tomar decisões, apenas fluir na
paciência ou impaciência que o filme lhe vai trazer. Está feliz.