quarta-feira, 29 de maio de 2013

A Roda

Marisa Reve

7 .
Ao ver o desejo nos olhos dele, ela pressiona-o. Vezes sem conta ela dá a entender que quer sair com ele, quer estar com ele de outra maneira. Mas a resposta não é a desejada. Andam em círculos como se seguissem um caminho, labirinto sempre o mesmo, raios opostos de uma roda sem domínio, que não pára. Roberta hoje e amanhã vai dizendo o que quer. Eu vejo. Ela diz que ele não vê ou não quer ver. Até que um dia os círculos se juntam, raios de uma teia, um choque em labaredas de beijos que não conseguem parar. Há toques e corpos que se fundem em ânsia. Rodam juntos uma e outra vez, esquecendo as pedras no caminho, o restolhar de conversas invejosas e maldizentes, o amor a vaguear.
-Ana, não consigo parar. Ele consome-me o corpo e a alma. Vejo-me a inventar palavras e situações só para estar com ele.
-Cuidado Roberta.
-Eu sei, sei que não posso nem devo, que as pessoas vão falar, mas também sei que ele me faz viver, renascer. E, por mais voltas que dê, é ele que eu saboreio nos sonhos de solidão.
(continua)
Maria Luís Koen



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