Marisa Reve
7 .
Ao ver o desejo nos olhos dele, ela
pressiona-o. Vezes sem conta ela dá a
entender que quer sair com ele, quer estar com ele de outra maneira. Mas a
resposta não é a desejada. Andam
em círculos como se seguissem um caminho, labirinto sempre o mesmo, raios
opostos de uma roda sem domínio, que não pára. Roberta hoje e amanhã vai
dizendo o que quer. Eu vejo. Ela diz que ele não vê ou não quer ver. Até que um
dia os círculos se juntam, raios de uma teia, um choque em labaredas de beijos
que não conseguem parar. Há toques e
corpos que se fundem em ânsia. Rodam juntos uma e outra vez, esquecendo as
pedras no caminho, o restolhar de conversas invejosas e maldizentes, o amor a
vaguear.
-Ana, não consigo parar. Ele consome-me o corpo e a alma.
Vejo-me a inventar palavras e situações só para estar com ele.
-Cuidado Roberta.
-Eu sei, sei que não posso nem devo, que as
pessoas vão falar, mas também sei que ele me faz viver, renascer. E, por mais
voltas que dê, é ele que eu saboreio nos sonhos de solidão.
(continua)
Maria Luís Koen
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